A depressão afeta mais de 300 milhões de pessoas ao redor do mundo e pode ser desencadeada pelos mais diversos fatores, como estresse e ansiedade. Uma prática que tem ganhado destaque no tratamento complementar da depressão é a meditação. A meditação tem tomado grande destaque nos estudos científicos que já demonstram que ela pode alterar positivamente a forma como o cérebro reage ao estresse e à ansiedade, que são os dois principais fatores que desencadeiam a depressão. Embora a meditação seja associada ao relaxamento, à espiritualidade, ou algo místico. Essa técnica tem ganhado cada vez mais reconhecimento na área da saúde mental. Isso faz da meditação uma abordagem eficaz e acessível no tratamento e na prevenção de transtornos depressivos.
A depressão, em grande parte, está relacionada ao funcionamento alterado de algumas regiões do cérebro, como o córtex pré-frontal medial e a amígdala. O córtex pré-frontal medial é responsável por processar informações sobre si mesmo – como preocupações com o futuro e pensamentos repetitivos sobre o passado-, a amígdala é a responsável por controlar a resposta ao estresse e a ansiedade, liberando hormônios como o cortisol -hormônio do estresse-, que prepara o corpo para situações de luta ou fuga.
Quando estamos deprimidos, o córtex pré-frontal medial se torna hiperativo, alimentando pensamentos negativos e ruminantes, enquanto a amígdala reage de forma exagerada ao estresse, disparando o alarme mesmo quando não há um perigo real. Esse desequilíbrio resulta em níveis elevados de cortisol no corpo, o que pode intensificar ainda mais os sintomas da depressão.
A prática da meditação tem mostrado ser capaz de interromper essa conexão excessiva entre o essas duas partes do cérebro. Por isso a importância da meditação que entra como a conciliadora entre ambos, fazendo com que mente para foque no presente e observe nossos pensamentos e emoções sem nos envolvermos emocionalmente com eles. Isso ajuda a “acalmar” essa atividade no córtex pré-frontal medial e reduzindo a reatividade da amígdala, promovendo um estado de calma e equilíbrio emocional.
Além disso, a meditação tem outros efeitos, descobriu que a pratica da meditação aumenta a massa cinzenta no hipocampo, uma região do cérebro crucial para a memória e a regulação emocional. Como as pessoas que sofrem de depressão tendem a ter um hipocampo reduzido, o papel da meditação pode ajudar a reverter algumas dessas mudanças cerebrais associadas ao transtorno depressivo.
Ao contrário do que muitos podem pensar, o objetivo da meditação não é somente eliminar o estresse ou bloquear pensamentos negativos. Pelo contrário, ela ensina a observar esses pensamentos e sentimentos sem julgamento, criando um distanciamento saudável entre a pessoa e suas emoções. Isso oferece a oportunidade de lidar com a depressão de maneira mais consciente e menos reativa, sem ser consumido pelo ciclo de sofrimento.
A meditação também pode ser útil em situações estressantes do dia a dia. Por exemplo, praticá-la antes de um evento que cause ansiedade, como uma reunião importante ou uma consulta médica, pode ajudar a mente e o corpo a entrarem em um estado de calma, reduzindo a resposta ao estresse.
Com uma abordagem integrativa e baseada em evidências, a meditação surge como uma ferramenta valiosa para pessoas que enfrentam a depressão. Ela não apenas ajuda a quebrar o ciclo entre o estresse e os sintomas depressivos, como também promove mudanças neurobiológicas que podem ter impactos duradouros no bem-estar emocional.
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